quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Informativo 693 - HC 84548 - Investigação criminal promovida pelo Ministério Público e aditamento da denúncia – 7, 8 e 9– Ministro Relator: Marco Aurélio – 18.02.2013.



Poder de Investigação do Ministério Público:


Voto do Ministro Luiz Fux:


A Constituição asseguraria o livre exercício das funções institucionais do Ministério Público, consagradas sua autonomia e independência.

A ausência de menção, no CPP de 1941 a modelo de investigação preliminar presidida por promotor decorreria da inexistência das garantias asseguradas hoje aos membros do Ministério Público.

Não haver razão para alijar o Ministério Público da condução dos trabalhos que precedessem o exercício da ação penal de que seria titular. Além de compatível com a Constituição, a investigação direta pelo Ministério Público proporcionaria plena observância do princípio da obrigatoriedade, a militar em favor dos direitos fundamentais do sujeito passivo da persecução penal. Em consequência, evitar-se-iam delongas desnecessárias no procedimento prévio e proporcionar-se-ia contato maior do dominus litis com os elementos que informariam seu convencimento.  

Assegurar-se-ia, ademais, a independência na condução dos trabalhos investigativos, mormente quando a referida atividade tivesse por escopo a apuração de delitos praticados por policiais.

A adoção de processo hermenêutico sistemático induziria à conclusão de que o Ministério Público poderia, ainda que em caráter subsidiário e sem o intuito de se substituir à polícia, realizar investigações para fins de instrução criminal.

O art. 144 da CF, conjugado com o art. 4º, parágrafo único, do CPP (“Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função”), conduziria à exegese de legitimidade na atuação do órgão ministerial.

O Ministro Luiz Fux propôs diretrizes para o procedimento investigativo conduzido diretamente pelo parquet, que deve:

a)      observar, no que couber, os preceitos que disciplinam o inquérito policial e os procedimentos administrativos sancionatórios;
b)      ser identificado, autuado, numerado, registrado, distribuído livremente e, salvo nas hipóteses do art. 5º, XXXIII e LX, da CF, público de modo que a decisão pela manutenção do sigilo deve conter fundamentação; e
c)      ser controlado pelo Poder Judiciário e haver pertinência entre o sujeito investigado com a base territorial e com a natureza do fato investigado.

Ademais, o ato de instauração deve:

a)      formalizar o ato investigativo, delimitados objeto e razões que o fundamentem; e b) ser comunicado imediata e formalmente ao Procurador-Chefe ou ao Procurador-Geral.

Além dessas diretivas:

a) devem ser juntados e formalizados todos os atos e fatos processuais, em ordem cronológica, principalmente diligências, provas coligidas, oitivas;
b) deve ser assegurado o pleno conhecimento dos atos de investigação à parte e ao seu advogado, nos termos da Súmula Vinculante 14 (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”);
c) deve haver prazo para conclusão do procedimento investigativo e controle judicial quanto ao arquivamento.

A atuação do Ministério Público deve ser concorrente ou subsidiária e ocorrer quando não for possível ou recomendável a atuação da própria polícia.

Após, pediu vista dos autos o Min. Ricardo Lewandowski.

Fonte: STF 

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